12 de Outubro é o dia delas, as crianças. E convenhamos, todo mundo um dia já foi criança, mas muitos, infelizmente, esquecem disso, ou pior, tentam esconder de si mesmos esse fato.

Mas eu tenho a memória que, desde criança, eu sempre reconheci a importância de ser criança, de viver a infância, de aproveitar ao máximo e não ter a pressa de me tornar adulta. E não foi, até onde eu me lembro, por conselho ou influência alguma que eu possa ter tido na infância. Eu não tenho memória de ouvir alguém me dizer isso "aproveita a infância e não tenha pressa de crescer".

E eu lembro de chegar a adolescência, perceber a infância ficando pra trás e com isso, algumas responsabilidades chegando e a necessidade de fazer algumas escolhas importantes. E ao ter essa clareza, eu lembro de tomar o cuidado de lembrar a mim mesma "mantenha a essência da infância, não perca isso".

E, inclusive, quando eu conversava com meus amigos na adolescência, eu lembro de sempre me referir a fase adulta, algumas muitas vezes de "quando a vida de gente grande chegar". E vez outra, ainda me refiro a ela assim. Mesmo hoje, com 31 anos.

Eu acredito que algo que contribui muito para minha infância, foi ter nascido ainda em uma era analógica, início da década de 90. Além disso, eu tenho uma família grande, então eu tinha sobrinhos e primos que regulavam a mesma idade que eu. Então sempre tinha companhia para brincar, criar, brigar, dividir, gargalhar... Mas também fui uma criança que me virava bem sozinha. Sempre fui criativa e sempre tive espaço para isso.

Hoje em dia, estar com crianças, ainda é muito prazeroso para mim. Seja com meus afilhados, com filhos dos meus primos, ou filhos de amigos, e até mesmo com os filhos de clientes. Eu sei que conquisto as crianças porque muito antes disso, elas já me conquistaram.

Estar perto delas, é lembrar da minha criança, da minha infância. É me aproximar dela. A vida de gente grande exige muito de nós e como a maioria dos adultos, costumamos "deixar para depois" as demandas das crianças que nos pedem algo. Especialmente da nossa criança interior. E é algo que eu acredito que não deveríamos fazer.

Se hoje estou onde estou, é porque minha criança me influenciou a chegar onde estou. Mas é ela que me estimula a continuar, a não me acomodar, a continuar trilhando o caminho. É ela que me estimula a ser curiosa e aprender sempre mais. É ela que me põe quieta e observadora. E é exatamente assim que eu trato as crianças que eu fotografo.

Eu busco sempre olhar as coisas pela perspectivas delas. Seja o que elas veem, e especialmente como elas sentem. Observar elas é deixar fluir e tomar o espaço que elas me dão. Aos poucos, eu consigo ganhar mais espaço até que elas me incluam. E aos poucos, a cada clique, eu vou ganhando amigos que me colocam de joelhos, sentada ou até deitada no chão, às vezes clicando, outras brincando. E com isso, além de sorrisos, acabo ouvindo diversas histórias e ganhando muitos abraços.

Que nesse Dia das Crianças, e em todos os outros, todos possamos encontrar a nossa criança. E olhar o mundo com mais criatividade, com mais paciência, com mais curiosidade, mais diversão.

Feliz Dia!